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    CBI: Qual foi a inspiração por trás da Sseko Designs? 

    LIZ BOHANNON: Eu me mudei para Uganda logo após terminar a minha graduação em jornalismo para aprender mais sobre os problemas e desafios de mulheres e meninas vivendo em extrema pobreza, e em zonas de conflito e pós-conflito. Quando eu cheguei em Uganda, eu acabei conhecendo um grupo incrível de mulheres jovens entre o ensino médio e a graduação, que passaram na faculdade, mas não tinham condição financeira para continuar. Então eu criei a Sseko como uma maneira de criar uma fonte de dinheiro para essas jovens mulheres no Leste da África com visão, planos e ambição de cursar uma universidade, mas que de outra maneira poderiam ter dificuldades financeiras para fazer isso. 

    Essas jovens mulheres foram a inspiração por trás da Sseko. Isso explica um pouco como eu acabei me envolvendo com treinamento empresarial no Leste Africano. De verdade, apenas com a minha jornada de vida e trabalho, eu me tornei cada vez mais comprometida pela ideia de usar o negócio como uma maneira de resolver problemas que tradicionalmente são deixados para o setor sem fins lucrativos.

    CBI: O que você aprendeu ao trabalhar com essas mulheres? 

    LIZ BOHANNON: Elas foram muito informativas para mim na minha maneira de enxergar minhas crenças e verdadeiramente na maneira que eu vivo minha vida aqui nos Estados Unidos. Eu diria que uma das maiores transformações para mim tem sido aprender como levar uma vida em comunidade e minhas relações de uma forma melhor. Tem um grande senso de comprometimento e interdependência que essas mulheres de Uganda me ensinaram sobre o que significa estar lá para seus amigos, o que significa compartilhar, ser generosa, o que significa acreditar em um senso de ambição coletiva X competição, e o poder da colaboração e com incrivelmente importante é ter um apoio.    

    CBI: Como uma empresa pode criar uma mudança social? 

    LIZ BOHANNON: Em muitas maneiras. Especificamente quando se trata de desenvolver economia, a forma com que ela se desenvolve é através da infraestrutura e investimento no setor privado. Isso não é dizer que empresas sem fins lucrativos não são importantes, pois elas são. Isso não é dizer que ONGs e colaborações pública-privadas não têm um papel importante, pois elas têm. Mas a realidade é que nós temos que pensar sobre como investir em uma mudança sistêmica, e isso acontece quando investimos com negócios. Quando criamos trabalhos, infraestrutura e aumentamos a produtividade, essas são maneiras de começar um efeito borboleta de pessoas sendo empregadas, tendo acesso a sistemas de saúde e um salário consistente e confiável. Muitas dessas coisas resolvem desafios dos sintomas de extrema pobreza. 

    CBI: Como você define “consumo consciente”? 

    LIZ BOHANNON: Eu defino consumo consciente quando um consumidor ao pensar “eu vou gastar dinheiro com esse serviço ou produto”, pensa no impacto que essa compra tem e se ela é benéfica para as pessoas ou para o planeta. Ao pensar em consumo consciente no mercado fitness, a ideia é seguir a mesma linha de pensamento de como essa compra vai beneficiar a minha comunidade? Quais são os programas ambientais, processos e considerações que essa academia tem que vão realmente ajudar a alavancar meus objetivos e o valor de ser alguém que limita os impactos que tenho na mudança climática? Quais são as políticas de trabalho e práticas envolvidas nessa academia específica, e eu me orgulho delas? Porque eu contribuo com isso como consumidora. É a mesma linha de pensamento: se você deve ou não doar para uma instituição, se ela não for uma boa instituição, você não iria doar. É realmente apenas uma maneira de aplicar um olhar parecido onde você gasta o seu dinheiro. 

    CBI: O seu livro Beginner’s Pluck faz um grande trabalho definindo a mentalidade “encontra a sua paixão”. Como alguém pode criar o seu limite e ajustar suas expectativas em uma cultura que glorifica “alcançar as estrelas”?

    LIZ BOHANNON: Como a gente define nossos limites? Nós temos que começar a nos lembrar que todos começamos como iniciantes. Temos que parar de nos esconder até que sejamos especialistas. Cometendo erros escondidos e depois glorificando o nosso sucesso. Isso é algo que eu acredito que tenha que começar do começo. Nós temos que ser líderes que estão dispostos, não apenas para dizer que é ok cometer erros, mas dar o primeiro passo. A realidade é que cada expert começou como um iniciante. Eles só se tornaram experts porque persistiram mesmo quando falharam. Errar nos torna muito mais efetivos como líderes, porque estamos preparando outras pessoas para fazerem o mesmo. 

    CBI: Na indústria fitness não falta vontade ou paixão, mas pode ser difícil se conectar com pessoas que sentem que não se pertencem à academia (quase 80% da população). Como alguém que tem habilidades para ajudar pessoas a ajustarem o seu mindset, o que você aconselha que nós façamos para fazer essas pessoas se sentirem mais acolhidas em um ambiente fitness e convencê-las de que elas sim pertencem? 

    LIZ BOHANNON: Eu amo essa pergunta sobre pertencer a uma academia. Aparentemente, 80% das pessoas não têm esse senso de pertencimento. Mais uma vez, esse é um caso em que precisamos da mentalidade de enaltecer a força de vontade do principiante e que todos nós começamos como iniciantes. Honestamente, eu acho que fazer esses iniciantes do nosso meio terem algum tipo de status de heróis podem ajudar. Quem são essas pessoas na sua academia que você está celebrando, que as pessoas se inspiram? Elas provavelmente vão ser pessoas que já estão adiantadas na sua jornada. Pessoas que são experts, que são líderes. Elas fizeram incríveis melhorias à sua saúde. 

    Ao pensar em criar culturas, nós temos que perceber que é muito mais corajoso da parte de alguém entrar em uma academia pela primeira vez sem nem saber como usar um equipamento. Talvez ele esteja acima do peso. Talvez ele esteja super fora de forma. Isso exige muito mais coragem do que o rapaz ou a garota que já está lá há algum tempo. Quais são as formas que nós podemos celebrar o tanto de coragem e ousadia que são necessárias para um iniciante aparecer e começar a sua jornada? Parte de se sentir pertencente é saber que você é celebrado. 

    CBI: No seu podcast, Plucking Up, você conversa com muitas pessoas de sucesso. Que tipo de lições você aprendeu com elas? 

    LIZ BOHANNON: A grande maioria de pessoas bem-sucedidas que eu tenho recebido no podcast tiveram um longo caminho até encontrar o seu propósito e sua paixão. Nós pensamos que pessoas que criaram uma vida bonita, criativa, cheia de significados e propósito, apenas montaram um vision board e manifestaram o seu futuro. Mas na maioria das vezes, são pessoas que disseram que estiveram em uma situação ruim, porém ao invés de desistir da sua autonomia por não terem conquistado algo, elas se mantiveram curiosas e abertas no meio das circunstâncias e desafios. Elas procuraram por coisas a se aprender e por oportunidades para crescer. Então essas circunstâncias, que no momento eram menos do que ideais, acabaram evoluindo em algo realmente bonito.