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Case Bluefit: Como a rede de academias abriu novas unidades em um ano de crise global

Written by Samantha Cortijo | Jan 28, 2021 1:30:56 PM

Inaugurada em 2015 na cidade de Santo André, em São Paulo, a Bluefit surgiu com o propósito de acabar com as desculpas dos clientes para “não treinar” e ser a rede com melhor custo benefício do mercado. Anos após, ela se tornou uma das maiores redes do país e não para de crescer!

Mesmo após o surto de covid-19, hoje é possível enxergar as consequências positivas da boa administração. Entrevistamos Filippe Savoia, CEO da rede de academias Blue Fit, que nos dá um grande exemplo de como um planejamento prévio e uma boa gestão de crise pode fazer toda diferença no futuro da sua academia.

No meio do caminho tinha uma pandemia

O ano de 2020 não foi fácil para ninguém. No entanto, a rede Bluefit veio na contramão do mercado, fechando o ano com quase 100 lojas abertas, das quais, ao menos 25 unidades foram inauguradas em 2020.

Filippe Savoia, CEO da Bluefit, conta que embora todas as dificuldades enfrentadas, o ano passado simbolizou um período de consolidação das unidades da rede:

“Claro que tivemos problemas, foi um ano ruim, mas proporcionalmente ao mercado, foi bom porque nós consolidamos as lojas. Muitas academias fecharam, vimos as concorrentes encerrarem várias operações, quase ninguém inaugurou nada após o retorno das atividades parciais.”

Essa guinada surpreende qualquer empreendedor. Entretanto, Filippe conta que o sucesso da empresa não se deu por mágica ou receitas prontas, mas sim muito planejamento e execução. Ele atribui parte desse sucesso a agilidade em fornecer opções de negociação para os alunos:

“Era trancar ou continuar pagando, mas tendo alguns benefícios. Essa negociação foi muito boa, porque fez com que nós conseguíssemos equilibrar as despesas. Nós paramos as obras, mas quando retornamos, foi possível segurar as contas para inaugurar tudo que estava parado.”

Nem tudo são flores. Todos perderam com a crise, uns mais, outros menos. Filippe conta que umas das maiores dificuldades que a Blue Fit enfrentou foi o gerenciamento das despesas:

“Equacionar as despesas. É o maior desafio. Renegociação de aluguéis, colocar funcionários em férias coletivas, a maior dificuldade é correr para equilibrar a empresa. Mas isso ocorreu junto da escolha do cliente. O cliente, tendo a escolha de pagar ou não, nos ajudou a equilibrar a situação.”


O relacionamento com os clientes

Foco no cliente? É talvez uma das frases mais ditas nos últimos tempos e também a mais verdadeira. Dispor de uma equipe focada no atendimento em momentos críticos se tornou essencial. Savoia conta como a Bluefit partiu do 0 para 40 funcionários com foco no atendimento ao cliente. A estratégia se deu em realocar os colaboradores para o que era mais importante:

“Criamos uma equipe, direcionamos cerca de 40 pessoas para o SAC - que nem existia antes - e isso aconteceu de um dia para o outro. No início foi bem difícil, mas nós montamos uma equipe muito forte de resposta aos clientes. Tiramos as pessoas das operações, que estavam em atendimento nas lojas e realocamos remotamente de forma coordenada para responder as dúvidas e ajudar os clientes.”

Sem portas para abrir, internet em ação!

O digital segurou as pontas, mas também abriu um leque de possibilidades para quem se arriscou a levar o barquinho mais longe. Além de ações fundamentais, como manter o relacionamento com os clientes e atualizá-los sobre a situação das academias, alguns empreendedores buscaram criar novas ofertas de produtos digitais, como aulas, aplicativos e outros serviços integrados com profissionais da área da saúde ou até mesmo aprimorar seus canais digitais já existentes.

Na Bluefit, Filippe conta que o aprimoramento das plataformas digitais se deu com a automação do sistema de matrículas do site:

“A escolha de efetivamente trancar ou continuar era automatizada. No segundo ou terceiro mês, colocamos essa opção dentro do próprio site, onde cada membro podia selecionar a opção desejada e pronto, já estava feito.”

Em relação ao conteúdo, muitas academias passaram a oferecer aulas remotas exclusivas ou em formato de lives nas redes sociais. A estratégia adotada pela Bluefit foi produzir o conteúdo e oferecê-lo de forma gratuita, o que beneficiou a rede, abrindo a oportunidade para que o público interessado conhecesse o serviço:

“A transformação digital na Blue Fit ocorreu de forma gratuita. Passamos a divulgar mais conteúdos nas redes sociais, como lives de aulas coletivas. Preparamos a casa de alguns professores para dar aula, com equipamentos de microfone e câmera de vídeo. Dessa forma ganhamos muitos clientes, pois muitas pessoas que não conheciam a Blue Fit acabaram gostando do conteúdo e foram procurar a academia.”

Ainda que o digital tenha dado muitos frutos, para Savoia a experiência digital não substitui a presencial:

“Esse movimento digital tende a ser complementar, não acredito que ele seja substituto da academia, de forma alguma. As pessoas querem e estão voltando para a academia, mas de fato, o ambiente digital hoje tende a ser complemento da atividade física in loco. Ficaremos com a lição aprendida do digital, que se tornará um complemento importante e no futuro próximo, teremos o desafio de linkar esses dois tipos de oferta”, analisa.

Ainda que a vacinação em massa esteja longe de ser uma realidade para a população brasileira, o retorno gradativo das atividades já está acontecendo. E para essa situação, todo cuidado é pouco:

“Somos muito rígidos com as medidas de segurança. Assim que nós reabrimos, colocamos uma equipe de auditoria para ficar diariamente circulando em todas as unidades, verificando se havia algum problema, de qualquer nível. Também estamos evitando a superlotação, e isso traz um sentimento maior de confiança e segurança no nosso serviço para o cliente.”


A estrutura como peça fundamental

De todos os setores do mercado tivemos uma contribuição no aumento da porcentagem de pessoas desempregadas no país. Por se tratar de um serviço presencial, essa situação foi de desespero para muitos gestores de academias que precisaram quebrar a cabeça para segurar as contas. A solução para muitos estabelecimentos foi cortar funcionários, congelar salários e outras medidas drásticas para que as portas não viessem a ser fechadas definitivamente.

Na Bluefit, Savoia conta que o reflexo da pandemia na vida dos colaboradores ocorreu de maneira branda:

“Demitimos muito pouco. A grande maioria dos funcionários que ficaram parados foram assegurados pela medida provisória, pagamos um pouco a mais dos 30% para poder compor o salário do colaborador. Então com o auxílio do governo conseguimos manter os salários com o pessoal em casa.”

O sucesso de um negócio não acontece sozinho. Atrás de uma grande marca, há grandes pessoas envolvidas. Os colaboradores são peças fundamentais para sustentar a imagem de uma marca. Portanto, além de investir na comunicação com os clientes, é essencial que a comunicação da equipe esteja de acordo. Na Bluefit essa organização das equipes e comunicação entre todas a rede foi essencial:

“Conversamos diariamente. Realizamos reuniões remotas com todas as empresas. Criamos comitês de crise e outras estruturas para segurar esses pontos e estabelecer uma comunicação efetiva com todos.”


Perspectivas para 2021

A pandemia colocou muitos negócios à prova de fogo, mas também trouxe mudanças significativas que vão prosperar. A transformação digital é um grande exemplo. Para Filippe, o período de 2021 é de esperança e consolidação:

“Entendo que no mercado fitness, para os players que saírem fortalecidos, terá uma forte consolidação. Estamos esperançosos, ainda temos muito a crescer, e pretendemos expandir pelo menos, mais 50 lojas. Mas falando em clientes, entendemos que o momento ainda é de muita instabilidade. Cerca de 20% a 30% dos alunos ainda não se sentem seguros em voltar, e enquanto não sair a vacina sabemos que esse clima será mantido.”


Uma mensagem de inspiração

Em resumo, Filippe Savoia deixa uma mensagem de inspiração para todos os gestores:

“Aproveitar as oportunidades. É clichê mas é de fato a verdade. Quem não conseguiu aproveitar no começo, infelizmente talvez nem tenha conseguido sobreviver ao negócio. Mas no momento em que já temos vacinas em trânsito, as oportunidade irão voltar com muita força, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a saúde, em buscar cada vez mais atividades físicas menos comuns e mais ligadas ao lazer, voltadas à uma saúde preventiva, e quem conseguir se adequar à segurança e às novas necessidades dos clientes tem tudo para construir um negócio bem bacana.”