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As academias estão preparadas para atender clientes com necessidades especiais?

Written by Alan Barros | Aug 7, 2019 7:41:58 PM

As academias estão fazendo o suficiente para atrair e acomodar pessoas com necessidades especiais? A edição de julho da revista CBI traz uma matéria que amplia a discussão sobre a inclusão nas academias para além da questão do acolhimento de pessoas com deficiência. Confira!

Oportunidade de inclusão e de expansão de mercado

Desde que o Americans with Disabilities Act (ADA), de 2010, codificou muitos dos requisitos de design, mais iniciativas puderam ser realizadas, de acordo com os arquitetos das principais academias dos Estados Unidos.

Praticar a inclusão com respeito às necessidades especiais não é apenas altruísmo. Dado o aumento da aderência entre as comunidades de saúde e fitness, faz sentido considerar essa população também como uma viável fonte de receita, além da oportunidade de servir que ela representa. Essa audiência é maior do que se pensa.

Em 2010, de acordo com o U.S. Census Bureau, 56 milhões de americanos - aproximadamente 19% da população - tinham alguma forma de deficiência. No final de 2018, esse número alcançou os 61 milhões (26% da população americana).

Internacionalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca o número de pessoas com deficiência em 1,5 bilhões, de acordo com Kilian Fisher, assessor internacional de políticas públicas da IHRSA.

De “deficiência” para “necessidades especiais”

Fisher também atua como líder global da UFIT (Universal Fitness Innovation and Transformation). Criada na França, no ano de 2015, a UFIT é uma iniciativa de transformação social que soma esforços para aumentar as oportunidades para as pessoas com deficiência de diferentes formas.

A IHRSA é membro da UFIT, que provê aos profissionais da indústria fitness treinamento e recursos necessários para atender essa parcela da população, além de conectar as academias a organizações locais especializadas em necessidades especiais.


Fisher diz que é importante notar um movimento veloz e global no sentido de migrar do conceito de “deficiência” para “necessidades especiais”. “Tem tudo a ver com inclusão”, afirma ele.

“Entre as pessoas com necessidades especiais, estão aquelas com qualquer tipo de dificuldade temporária ou permanente, física, cognitiva ou intelectual, ou qualquer condição mental especial ou doenças crônicas.

Considerar essas pessoas enquanto se projeta o espaço de um estabelecimento significa ir além das regras e regulamentações para criar um ambiente que atenda às suas necessidades físicas e emocionais. O melhor lugar para se começar pode ser o vestiário, um espaço aberto comum a quase todo tipo de academia.

Além da legislação

Embora sejam bastante abrangentes, as diretrizes da ADA, em consonância com leis municipais e estaduais, não necessariamente levam em conta todos os requisitos dessa crescente fatia do mercado.

“O que falta é o foco em instalações acessíveis”, observa Donaldo Visani, diretor da Ohlson Lavoie Collaborative, um escritório de arquitetura com base em Denver (CO).

“A acessibilidade tem ampla aplicação, abrangendo um espectro de necessidades dentro desse grupo de pessoas. Pessoas idosas, pessoas com dificuldade de aprendizado, ou com uma variedade grande de questões físicas, podem precisar de assistência ou tempo para processar instruções”, aponta ele.

Em resumo, Visani diz que se trata de projetar vestiários que sejam extremamente amigáveis a qualquer cliente e não somente um que obedeça requisitos mínimos.

“As regulamentações da ADA representam um sólido ponto de partida, mas são apenas a base”, segundo Rudy Fabiano, CEO da Fabiano Designs, localizada em Montclair (NJ).

A questão dos gêneros

“A lei de direitos civis foi importante na construção de códigos, a ADA dita muitos dos requerimentos físicos e espaciais, como a altura das pias, a quantidade de força necessária para se abrir uma porta, a altura de degraus e corrimãos, iluminação de segurança e emergência, mas eles não consideram a mudança constante nos paradigmas, como a neutralidade de gênero, por exemplo”, exemplifica Fabiano.


Mais do que avanços nas normas sociais, parece estar havendo uma crescente regulamentação de apoio aos transgêneros.

“Jurisdições na Califórnia e em outros lugares já adotaram leis que indicam a necessidade de se oferecer vestiários para as pessoas que se identificam com a neutralidade de gênero. Outros estados, como Nova York e Massachusetts, costumam ser mais agressivos nessa regulamentação. Esperamos ver o crescimento da legislação relacionada às questões de gênero, que afetarão o que construímos e os custos dessas construções”.

 

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