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    No Brasil, segundo informações do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), não há lei federal que regulamente a exigência de atestados médicos para o ingresso dos clientes nas academias. A competência em legislar sobre o tema cabe aos municípios.

    Nessa década, alguns deles instituíram a obrigatoriedade do atestado e já a revogaram, como ocorreu em São Paulo (SP), Salvador (BA) e Belo Horizonte (MG), por exemplo. Para manter seus negócios a salvo em meio às constantes mudanças relacionadas ao assunto, é necessário que os empreendedores da indústria fitness estejam alimentados de informação sobre o assunto continuamente.

    Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q)

    Para tanto, a filiação à Associação Brasileira de Academias (ACAD) se torna uma providência importante a ser tomada, pois a proximidade estabelecida entre os empresários fortalece o setor, facilitando a disseminação de informação e das melhores práticas.

    Monica Marques, membro do Board da IHRSA e da diretoria da ACAD, acredita que as cidades brasileiras tendem a substituir o atestado médico pelo Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q). Trata-se de um conjunto de sete perguntas sobre saúde, desenvolvidas pela Sociedade Canadense de Fisiologia do Exercício e voltadas a indivíduos de 15 a 69 anos que pretendem iniciar seus treinos.

    A diretora cita a posição do American College of Sports Medicine (ACSM), no documento divulgado em 2018, contendo as diretrizes para a prescrição de exercícios físicos:

    “Não há consenso sobre a extensão da avaliação médica (exame físico, teste de esforço limitado por sintoma ou teste de esforço máximo) necessária como parte do processo de triagem de pré-participação antes do início do programa de exercício físico, mesmo para um programa de intensidade vigorosa”.

    Segundo Monica, hoje a ACAD apoia a diretriz do ACSM para os testes de pré-participação, nas quais se estabeleceu que todos os praticantes de atividade física devem realizar o PAR-Q e iniciar atividades leves e moderadas imediatamente. A mesma diretriz indica que somente quando houver doenças ou sintomas cardíacos, renais ou metabólicos, um professional de saúde determinará a necessidade de exame médico.

    Menos barreiras

    O custo dos planos das academias e a tendência ao sedentarismo são grandes barreiras aos praticantes de atividade física. A apresentação do atestado médico se configura como mais uma delas.

    Alguns alunos levam muito tempo para decidir frequentar uma academia. Com a obrigatoriedade de apresentação do atestado, precisam agendar uma consulta médica e esperar os resultados de exames. Isso pode fazê-los desistir.

    “O Brasil é o quinto país mais sedentário do mundo. Precisamos de menos regulação, menos barreiras para que mais pessoas pratiquem atividade física”, destaca Monica.

    A atuação do gestor

    Como o gestor de uma academia pode proceder tanto nos casos em que o atestado médico é exigido, quanto naqueles em que não é obrigatório? É prudente estar atento às leis que se aplicam na cidade em que o negócio opera e segui-las, sejam elas prejudiciais ou benéficas.

    É de extrema importância também capacitar os colaboradores para lidar com consequências médicas mais sérias. Instruí-los sobre como são realizadas manobras de ressuscitação cardiopulmonar e outros procedimentos de socorro é necessário, pois o risco de uma ocorrência séria é pequeno, mas existe, conforme dados do ACSM:

    •1 ocorrência a cada 1,5 milhões de episódios de Atividade Física vigorosa

    •1 ocorrência a cada 36,5 milhões de horas de esforço moderado a vigoroso em mulheres

    •1 morte a cada 2.897.053 pessoa/hora

    •1 morte súbita a cada 256 mil maratonistas

    Quanto a outras formas de gerar valor aos clientes em locais onde o atestado é exigido, a dica de Monica é “facilitar de todas as formas possíveis o acesso das pessoas às academias, inclusive adotando processos que realmente façam sentido para elas”.