Foto: Divulgação
Gustavo Borges é referência mundial de natação e se consolidou como um dos maiores atletas ao ser quatro vezes medalhista olímpico.
Fora das piscinas, ele trouxe sua motivação e disciplina para outros negócios e, hoje, é um empreendedor de sucesso na indústria fitness: dono de academias, criador da Metodologia Gustavo Borges (MGB) e presidente da Associação Brasileira de Academias (ACAD).
Na IHRSA 2018, em San Diego, o empresário dará uma palestra sobre a MGB. A seguir, você confere uma entrevista exclusiva com o campeão.
Blog IHRSA Brasil: O tema da sua palestra na IHRSA 2018, em San Diego, será “O tesouro está debaixo d’água: aumente a lucratividade das piscinas utilizando dados”. Quais são as principais mensagens e conceitos que você levará aos participantes com esse assunto?
Gustavo Borges: A principal mensagem é traçar um paralelo em como iniciou o aprendizado da natação até hoje e as mudanças que ocorreram ao longo do tempo. Com isso, farei um link muito forte com a educação.
Quando eu falo que o tesouro está debaixo d’água, onde se tem lucratividade nesse quesito, estou ligando à educação, que é o ponto principal: educação por meio da natação.
Durante a palestra, vou traçar um paralelo entre a forma de educar dentro d’água, com um processo de tecnologia e de aprendizado, que é a Metodologia Gustavo Borges. Assim poderemos ter dados, com a nossa plataforma de gestão aquática, para também podermos tomar decisões e caminhar no sentido certo.
Foto: Site Metodologia GB
BIB: A Metodologia Gustavo Borges surgiu depois que você e sua equipe, na construção de sua primeira academia, em 2001, sentiram a necessidade de ter uma metodologia de aprendizado fundamental para o sucesso do negócio. Conte-nos um pouco sobre como funciona, as parcerias que possuem, os lugares onde está inserida etc.
GB: Hoje, nós temos 380 localizações com a Metodologia Gustavo Borges, que é um modelo de gestão aquática, que abrange alguns pilares dentro dos negócios dos nossos clientes.
O primeiro é a parte pedagógica que tem muita relação com produto e serviço. Em seguida, vem o marketing que entrega a experiência do usuário por meio de ferramentas de trabalho direcionadas a isso. E, por último, a questão comercial, que vende a metodologia em si.
Então, você tem um processo pedagógico; um serviço que utiliza; um marketing que envelopa tudo isso, dando suporte na área comercial para que a entrega seja feita e, um quarto pilar, que é a gestão de forma geral, onde se trabalha com o serviço oferecido, para que o gestor possa entrar dentro da nossa plataforma e ver itens como: os objetivos de aula, estratégias, calendários, avaliações e, também, um mapa de ocupação.
Em resumo, as parcerias trabalham dessa forma, onde o meu cliente busca uma solução global na sua gestão aquática e a gente oferece ferramentas de trabalho dentro do processo pedagógico, de marketing, suporte de vendas e também a questão da gestão aquática.
BIB: O que torna sua Metodologia tão atraente para as academias aquáticas? Como os gestores podem se manter atraídos por ela à medida que seus negócios vão amadurecendo?
GB: A Metodologia é importante por algumas razões. Trabalhar em redes, que é fundamental, é uma delas. Boa parte dos nossos clientes não tem sócios. São academias únicas que estão no interior e não têm uma relação com outros clientes, então nos aproximamos muito deles e temos uma grande troca de informações.
Outro ponto que é importante é o suporte que a gente dá a distância. Ao trabalhar em rede, é possível juntar uma série de informações do mercado e conhecimento, e essas coisas acabam voltando. Além disso, é possível trabalhar em várias ações que tenham haver com a imagem e reputação do nosso trabalho em conjunto e isso faz com que o nosso cliente valorize muito a credibilidade do nosso serviço e da nossa marca.
Os gestores ficam atraídos porque, além de trabalharmos com todos esses itens, também trabalhamos com inovação, sempre investindo e devolvendo esse investimento para o nosso cliente como, por exemplo, a nossa plataforma digital que é completa na questão de gestão aquática. Então, quando o meu cliente vê esse benefício, ele percebe que o investimento traz inovação e novidades, o tempo todo.
Foto: Divulgação
BIB: Além de ser um dos maiores nomes da natação mundial, com quatro medalhas olímpicas e 19 pan-americanas, você é empresário, dono de academias e, ainda, dedica-se às palestras motivacionais. Você acredita que sua determinação nas piscinas te levou a ser um profissional de sucesso que é hoje?
GB: Sem dúvidas, minha experiência nas piscinas me ajudou, sim, na construção do empreendedor que sou hoje. O esporte acaba ensinando os atletas a empreenderem o próprio corpo. Então, quando você pensa em ter um sonho, um objetivo, trabalhar em planejamento com excelência e, a partir daí, ter resultados. Isso serve também para qualquer pessoa que está buscando um trabalho com foco no resultado.
Então, todos os aprendizados me trouxeram, sim, informação e bastante experiência para que eu pudesse utilizá-los em meus negócios atualmente.
A educação que eu tive na faculdade, na escola, em casa, também teve um grande impacto na minha formação.
BIB: Quais atitudes os gestores de academias precisam ter para serem campeões em seus negócios?
GB: São várias as características de um campeão nas piscinas, das quadras ou dos negócios: determinação, coragem, disciplina, comprometimento, isso tudo é importante. Mas eu destacaria duas: a consistência no trabalho, porque a gente precisa se aprofundar nos problemas, nas soluções e trabalhar de uma forma integrada, para que possamos crescer. E a persistência, porque precisamos ser persistentes no caminho que achamos que é correto, compartilhando as ideias e dividindo novas coisas.
BIB: Como um gestor de academia pode inspirar uma equipe mais madura a sonhar para aumentar sua produtividade e, consequentemente, sua lucratividade?
GB: É importante a informação e a forma de uma gestão participativa para que isso ocorra. É fundamental que o gestor se aproxime das equipes, dos colaboradores, e que tenha o maior número de informações possível dentro, lógico, da capacidade de assimilar de cada grupo e na forma como você mostra e compartilha as informações do seu negócio.
Não tem como você querer ir para uma direção, com lucratividade e indicadores, se as pessoas que estão envolvidas com isso não têm a noção do que isso significa e do caminho que está traçando para seu negócio. Então, compartilhar conhecimento e trazer a equipe para participar é fundamental!
BIB: Em um artigo que escreveu para seu site, no ano passado, você citou a frase de um treinador que dizia “se você fizer aquilo que sempre fez, sempre estará onde sempre esteve”. Qual o conselho que dá para os gestores que querem aumentar seus resultados, mas que, ao mesmo tempo, têm medo de arriscar?
GB: A gente avança da consistência e persistência para estar apto e aberto para as mudanças. Essa frase é ótima porque diz exatamente para que nós façamos diferente. Quando fazemos tudo igual e esperamos resultados diferentes, somos loucos. Isso é uma insanidade!
Precisamos estar abertos às mudanças, à educação, ao estudo e à capacitação para que possamos ter um caminho virtuoso dentro dos negócios.
BIB: Agora uma questão mais genérica e não menos importante. Um dos maiores problemas do Brasil é o sedentarismo. Atualmente, mais de 60% da população brasileira não realiza nenhum tipo de atividade física. Quais suas contribuições, como presidente da Associação Brasileira de Academias (ACAD), para mudar esse cenário? O que tem feito para que esses números se modifiquem?
GB: Nosso trabalho na ACAD é crescer, promover e proteger o mercado de academias e fitness do Brasil. Não temos nenhuma ação específica em termo de população, para que seja feito um combate diretamente ao sedentarismo. Nós fazemos isso dentro das nossas unidades e dentro das quatro paredes de uma academia.
Um percentual muito baixo da população brasileira participa de atividades físicas dentro delas. O sedentarismo é um problema mundial e não só do Brasil, e isso é muito sério.
A ACAD, por meio das suas unidades, promove atividades físicas para que as pessoas façam exercícios e se tornem mais saudáveis, para viverem mais e melhor. Mas como percentual é muito baixo, precisamos de um esforço muito grande de políticas públicas relacionadas a isso. Por exemplo, têm várias academias e instituições que patrocinam academias ao ar livre. Várias unidades que fazem atividades em parques.
A nossa associação, para combater o sedentarismo de maneira mais abrangente para a população, não tem nenhuma ação específica. Porém, é algo que está no radar e que pode ser trabalhado em um futuro próximo, já que temos um grande número de associados e de pessoas envolvidas dentro desse cenário.
Agora, se a gente conseguisse que o governo melhorasse, adequasse ou não atrapalhasse o empreendedor com políticas públicas que vão contra a prática de exercícios e se conseguíssemos que o legislativo trabalhasse de uma forma mais focada no nosso mercado, para que possamos crescer e investir nessa área, seria muito melhor.
BIB: Voltando à IHRSA: o que você quer que os participantes da convenção façam de diferente quando voltarem para suas academias após assistirem a sua palestra?
GB: Que eles tenham uma visão da natação como educação. Se tiverem uma visão com isso em relação às aulas de natação e a conexão que tem com a educação, acredito que já seja uma grande semente plantada.
Outras informações:
A palestra de Gustavo Borges será realizada no dia 22 de março, das 14h às 15h. Para obter mais informações sobre o programa de tradução simultânea ou se inscrever, conecte-se a http://hub.ihrsa.org/ihrsa-2018-translation-program-portuguese
Confira toda a programação do evento em português: http://hub.ihrsa.org/ihrsa2018-brochure-download-portuguese-0